domingo, 3 de junho de 2012



DERMEVAL SAVIANI.

Escola e Democracia





Formação. 
Nasceu em 25 de dezembro de 1943 em Santo Antônio de Posse, comarca de Mogi Mirim, no interior do Estado de São Paulo. Estudou nas instituições Grupo Escolar de Vila Invernada – periferia de São Paulo, Liceu Salesiano São Gonçalo – onde cursou o ginásio-, Seminário do Coração Eucarístico de Campo Grande. Em Aparecida do Norte deu início à sua formação superior entre os anos de 1962 e 1963, no curso de filosofia da entidade, e deu continuidade aos seus estudos na PUC-SP, inclusive graduando-se em educação.

Prática profissional.
Ainda hoje, é professor da mesma universidade na qual se formou e desde que se formou ate os dias atuais, desenvolve vários projetos e pesquisas na área educacional, sempre defendendo a analise critica dos conteúdos que estão agregadas ao ensino das matérias comuns da escola.
Grande educador, Dermeval Saviani vivenciou período de mudanças em nosso pais, como por exemplo, a transição na educação durante a consolidação do período democrático que vivemos na atualidade, acompanhando, além das transformações sociais, as transformações na história da educação brasileira, acentuando os pontos positivos e negativos que as modificações no processo educacional refletiram no dia-a-dia, tendo uma visão progressista sobre a educação.
Foi o fomentador da teoria histórico-crítica que também é conhecida como crítico-social dos conteúdos que tem como objetivo, principal relação e transmissão de conhecimentos significativos que contribuam para a inclusão social do educando.

Traço característico de suas obras
Produção de textos elaborados com um objetivo pedagógico: professores e alunos.


Principais obras
·         Escola e Democracia (1983);
·         Educação: do senso comum a consciência filosófica (1980);
·         Pedagogia histórico - critica: primeiras aproximações (1991)

Premiações.
·         Medalha do mérito educacional do Ministério da educação:
·         Prêmio Zeferino Vaz de produção científica;
·         Prêmio Jabuti de 2008 na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise com História das ideias Pedagógicas no Brasil.


Escola e Democracia
Saviani, Demerval (2009)




         Descobrir um novo universo contido nas entrelinhas de um livro é algo impressionante e prazeroso, se abre um leque de pensamentos e indagações que em princípio, pairavam em nossa frente e não tínhamos a provocação ou iniciativa de trazê-las à tona. Neste livro, Saviani, nos provoca a reflexão sobre as teorias da educação, nos fala sobre a efetiva democracia no âmbito escolar e discorre sobre um tema proposto por Lênin, “teoria da curvatura da vara” (Althusser, 1977).
            A publicação do livro Escola e Democracia tem seu lançamento datado em setembro de 1983, portanto são 29 anos de seguidas edições, com tema e conteúdo atual e provocador. O autor coloca seus pensamentos em uma época onde a ditadura militar ainda lança sua sombra sobre as atitudes democráticas, denunciando as mazelas educacionais, abrindo novas perspectivas para a compreensão das questões pedagógicas e nos propiciando uma sistematização sucinta das principais teorias educacionais. A obra Escola e Democracia serve como estimulo nos dias atuais, pois o autor inicia uma perspectiva teórica que se prosseguiu com Pedagogia histórico-crítica e foi enriquecida com novas contribuições teóricas ao longo dos tempos.
            O autor se preocupa bastante em esclarecer ao leitor que a publicação não se trata de um “Manifesto contra a Escola Nova”, apesar de o livro fazer dura crítica ao escolanovismo e exaltar as virtudes da teoria histórico-crítica, mostrando sempre sua tendência para a disciplina e cobranças da Pedagogia Tradicional, além de uma forte presença das raízes socialistas em seu discurso. Convido a todos para essa leitura, cheia de polemicas e provocações que nos remete a reflexão, a concordar e discordar com o autor, atitude nossa e motivo principal de um bom livro, a provocação.


A Escola

         No primeiro capitulo, Saviani explica o fenômeno da marginalidade tendo como ponto de partida as teorias educacionais, que são: Teorias Não-críticas e Teorias Crítico-reprodutivas. Ele denomina de não-críticas as teorias que procuram entender a educação a partir dela mesma. Já as teorias crítico-reprodutivas dizem que não é possível compreender a educação senão a partir dos seus condicionantes sociais.
            Dentro da teoria não-crítica, o autor discorre sobre a Escola Nova e a coloca como  um ambiente escolar para as elites, já que sua estrutura se apresenta cara e desvalorizada pelas políticas públicas que não investem nesse modelo para as classes populares. Em suas linhas, Saviani aponta pontos positivos na Escola nova, porem essa boa estrutura tornou-se acessível somente para as classes dominantes, tendo o aparelho ideológico de Estado como parceiro dessa educação diferenciada, porem com um slogan de inclusão.
            Em sua passagem pela teoria crítica-reprodutiva, ele afirma que ele segue os condicionantes sociais, que sua concepção educacional depende da sua relação com a sociedade. Essa escola tinha nas suas origens uma função equalizadora, mas que se tornou cada vez mais discriminadora e repressiva. Nessa escola surge teorias de repercussão como:
v  “teoria do sistema de ensino como violência simbólica”;
v  “teoria da escola como aparelho ideológico de Estado”;
v  “teoria da escola dualista”.

Teoria do sistema de ensino como violência simbólica

         A violência simbólica manifesta-se de múltiplas formas e de maneira sutil, muitas vezes efetivamente em nossas escolas, passando despercebidas pela grande massa, influenciando a opinião pública pelos meios de comunicação, jornais etc.; pregação religiosa; atividade artística e literária; propaganda e moda; educação familiar etc.

Teoria da escola como aparelho ideológico de Estado

         O aparelho ideológico de Estado funciona massivamente pelo uso da ideologia e secundariamente pela repressão. Essa ideologia se apresenta como mantenedora do status quo, visa à hegemonia da classe dominante e isso passa pela escola, Transmitindo para a população uma falsa sensação de equidade social e educacional.


Teoria da escola dualista

         Teoria elaborada por C. Baudelot e R. Establet e exposta no livro L’ École Capitaliste em France (1971), mostrando que a escola, em que pese à aparência unitária e unificadora, é nada mais que uma escola dividida em duas grandes redes, correspondendo à divisão da sociedade capitalista nas classes: burguesia e o proletariado. Existe a rede de escolarização conhecida como rede secundária-superior (rede S.S.), e outra conhecida como rede primária-profissional (rede P.P.). Essas redes, respectivamente, irão produzir o burguês e o operário.


O Ensino

            No tocante ao ensino se torna relevante mencionar que o autor discorre sobre a “teoria da educação compensatória”, uma estratégia de compensar a situação de marginalidade das crianças das classes populares no sentido da carência educacional e resalta que nossas crianças pobres possuem várias outras carências.
            Seguindo a leitura, Saviani no tópico intitulado “o homem livre”, fala sobre o ensino nos meados do século XIX, onde a burguesia levanta-se como a classe que irá buscar a igualdade, tentando estruturar o sistema nacional de ensino focando a escolarização para todos, escolarizando os homens seria a condição para converter os servos em cidadãos, com educação e participação política consolidaria a democracia burguesa.
            No decorrer das páginas o autor faz uma viagem pela história do ensino no Brasil, com a dominação burguesa ele comenta a revolução industrial e a implantação do método tradicional de ensino, com os passos formais de Herbart, que são: preparação, da apresentação, da comparação e assimilação, da generalização e por último, da aplicação. Na questão do ensino o livro vai discorrendo sobre o método tradicional e escolanovista praticamente até o seu final, não me aprofundarei para que leiam o livro.



A Aprendizagem

Em referência a aprendizagem, Saviani continua com as fortes críticas a forma não democrática da Escola Nova. Deixando visível que ela se destina a pequenos grupos, privilegiando os já privilegiados, legitimando as diferenças e afrouxando a aprendizagem das camadas populares. Segundo o autor, o conceito escolanovista tira a disciplina do processo de aprendizagem e na consciência dos pais das crianças pobres é muito claro que a aprendizagem implica a aquisição de conteúdos mais ricos, se dando pelo esforço e não de modo espontâneo e tudo isso se faz necessário com disciplina.
Um dos pontos importantes do livro é a citação da Lei n. 5.692, que versa o princípio da flexibilidade do ensino no Brasil, comprometendo e muito a aprendizagem, encurtando o tempo do ensino, o que Saviani chama de “aligeiramento do ensino destinado às camadas populares”.

  
Através da análise de algumas obras do autor, é possível perceber que embora este se mostre otimista – apresentando sempre soluções para melhorar o sistema educacional no país -, Saviani apresenta sempre em suas obras de maneira realista, destacando os erros de um sistema de educação que desde os primeiros passos foi corrompido e repleto de falhas, realizando um paralelo entre a política e a educação. Adotando a ótica do professor, Demerval Saviani entendeu, em suas “onze teses sobre a educação e a política” que a realização da educação, em sua especificidade, cumpre sua função política.

 


  









Referências

Saviani, Demerval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre a educação política/ Demerval Saviani – 41. ed. Revista- Campinas, SP: Autores Associados, 2009.- (coleção polêmicas do nosso tempo, 5)
        
http://www.slideshare.net/estudosacademicospedag/dermeval-saviani

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